terça-feira, 29 de setembro de 2009

Da Cruz ao Cruzeiro: Teologia da Cruz x Teologia da Prosperidade


     O video acima montado por John Piper sobre Teologia da Prosperidade é muito relevante para nossos dias. A Teologia da prosperidade não é nova, está atuando no Brasil a um bom tempo. Com suas mensagens positivistas e seu conteúdo narcizista tem conquistado adeptos em todas as instituições religiosas principalmente entre pentecostais e neo-pentecostais. Recentemente ouvi uma propaganda que me deixou alarmado: "Um Cruzeiro Teológico". Uma instituição educacional de teologia propôs a seguinte atividade:


"Um Cruzeiro organizado pela agência de turismo Lexus Viagens, o cruzeiro evangélico que acontecerá entre os dias 5 a 9 de abril de 2010 rumo ao nordeste trará um congresso teológico voltado a cerca de 3 mil líderes cristãos. Entre os preletores, os nomes confirmados são: Russel Shedd, Gershon Norel, Adolf Roittman. O evento, aberto ao público em geral, ainda terá apresentações musicais do saxofonista André Paganelli, Rayssa e Ravel e Ministério Nova Jerusalém. Inusitado, diferente e com atuação em diversas frentes, o CIT 2010 apresenta um completo programa de palestras, apresentações musicais e uma central de negócios para exposição de produtos, novidades e grandes lançamentos a bordo do sofisticado navio MSC Orchestra".

Não tenho nada contra cruzeiros, nem contra férias, lazer ou distrações, entretanto quando o centro do evento é a Teologia, algo parece estar errado! A primeira pergunta que faço é se Jesus iria num cruzeiro destes? ou pior, será que Nosso Senhor promoveria ou autorizaria tal empreitada? A grande verdade é que os cristãos, mesmo os "mais cultos", influenciados pela teologia da prosperidade, estão trocando a cruz pelo Cruzeiro; a Igreja pelo Clube; a Conversão pela adesão social; a Fé pela segurança na Tradição Religiosa; o Conhecimento de Deus pelo Conhecimento de Teologia.

Nos próximos artigos apresentarei como a Teologia da Prosperidade está destruindo a visão de Deus. Como elementos relevantes como o Evangelho de Jesus; a Igreja; a Conversão, a Fé e o Conhecimento de Deus estão sendo trocados por similares, por elementos sem valor. Para essa compreensão lançarei mão da reflexão de sociólogos como Jean Baudrillard e Zigmunt Baumann aliados de "Teólogos de Verdade" como Dietrich Bonhoeffer; Juan Luis Segundo; J.Moltmann, Gianni Vattimo; Lutero e outros.

Evangelho da Cruz x Evangelho da Prosperidade

Qual é o centro do Evangelho: a Cruz ou a Salvação? Essa pergunta não é tão simples. Atualmente os crentes colocam o centro do evangelho na Salvação, como se essa existisse sem a Cruz. Essa confusão entre o Centro e o Resultado levou o cristianismo atual a se concentrar no Resultado e esquecer o centro. Assim, a Teologia da Prosperidade encontrou uma Igreja fraca, vazia de seu centro, essa disposição foi um prato cheio para a identificação da Salvação com a Teologia da Prosperidade. O Centro do Evangelho foi substituído pelo Fim.

O Centro do Evangelho: A Cruz de Cristo

Sem dúvida alguma o centro do Evangelho é a Cruz de Cristo. O Objetivo maior do ministério de Cristo foi a Cruz, o teólogo do Novo Testamento Oscar Culmann, em sua obra "Cristo e Política" defende que a principal tentação de Jesus era a negação da Cruz. Desde o começo de seu ministério Satanás tentou desviá-lo da Cruz. O Antigo Testamento aponta várias referências ao ministério sacrificial de Cristo. O teólogo Dietrich Bonhoeffer aponta em Cristo o ministério sacrificial que deveria ser o centro de fé da Igreja, afirma que Cristo deixou o ministério sacrificial como principal característica da Igreja. O teólogo católico Gianni Vattimo aponta a Cruz como modelo para teologia do novo mundo, como teologia que vive a realidade do homem e que através dessa vida une o homem à Deus. De forma mais simples podemos perguntar se existiria evangelho se Jesus não fosse para a Cruz, se a fé haveria se manifestado sem a Cruz, se a igreja existiria sem a Cruz. Só podemos falar de Jesus se for pela Cruz. Sem a Cruz não podemos compreender Jesus. A Cruz ilumina a vida e ministério de Cristo e da Igreja. É pela Cruz que conhecemos a Cristo e pela mesma Cruz que somos conhecidos por Ele.

Não é a lei, nem a ética, nem a salvação, nem as curas, nem a libertação, nem a restauração dos homens o Centro do Evangelho. Jesus não é um curandeiro! Seu ministério principal não é a salvação social ou psicológica ou a restauração da saúde dos homens, mas a Cruz como rompimento com todo pecado enquanto rebeldia e afastamento do homem. De acordo como o NT sempre que Jesus realizava milagres não era visto como Deus, mas apenas como profeta Mt 21:11; Mc 6:15; Lc 7:16; Jo 4:19, e de outra forma, Jesus foi identificado como Deus apenas quando assumiu seu papel entre Deus e os homens pelo perdão Mt 9:1-8; Lc 5:21; conquistado na Cruz Mt 27:54; Rm 1:4; Gl 2:20.

A Salvação conquistada na Cruz não é algo estático. Não é um prêmio ou uma bênção, mas a vida no Reino. A confusão está em identificar a bênção do reino com a Salvação. Para o apóstolo Paulo a benção do Reino era a presença de Cristo Fp 1: 23 Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor. A salvação é estar com Cristo, as bênçãos são conseqüência. Por isso a Salvação não é algo estático, mas principalmente a vida no Reino de Deus com Cristo. Assim, no NT o termo Reino de Deus é usado várias vezes como sinônimo de Salvação. Mt 19:24 E ainda vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus. Mc 9:47 E, se um dos teus olhos te faz tropeçar, arranca-o; é melhor entrares no reino de Deus com um só dos teus olhos do que, tendo os dois seres lançado no inferno; Mc 10:15 Em verdade vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criança de maneira nenhuma entrará nele. A Salvação envolve uma dinâmica de Vida muito diferente da idéia de Salvação pregada pela teologia da Prosperidade.

Desde o AT a Salvação é manifestada como Reino de Deus. Assim, embora o povo considerasse, a Terra prometida não era o mais importante, mas a presença de Deus Ex 33: 15 Então, lhe disse Moisés: Se a tua presença não vai comigo, não nos faças subir deste lugar. Essa presença também é pregada na mensagem de João Batista quando leva o povo para o Deserto, pois o deserto, na teologia do Antigo Testamento é o local onde tudo começou, onde Deus fez aliança e concerto com o povo Os 2: 14 Portanto, eis que eu a atrairei, e a levarei para o deserto, e lhe falarei ao coração. O reino de Deus é a Salvação desejada no Antigo e Novo Testamento. Nas palavras de Jesus a seus discípulos é a presença de Cristo no Reino a promessa escatológica Mateus 26:29 E digo-vos que, desta hora em diante, não beberei deste fruto da videira, até aquele dia em que o hei de beber, novo, convosco no reino de meu Pai. Quando Jesus fala ao Ladrão da cruz: Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso, o centro é a presença de Cristo e não o paraíso em si.

Essa salvação se manifesta pela fé antropológica (Juan Luis Segundo). Ou seja, uma fé viva, a fé que transforma, que muda a vida, que dá outra direção. Esse é o sentido da cruz, dar nova direção, provar que a direção da lei é fraca, que as obras para salvação são insuficiências, que o ritual e a sabedoria não conseguem enxergar o que está à sua frente, o próprio Deus. A Cruz é a reconstrução do homem para uma nova vida. Não há vida fora da cruz, pois fora da cruz só existe o homem e suas obras.

No AT essa fé é caracterizada pelo termo "arrepender-se", não por abandonar as velhas obras, mas por mudar de vida, a principal característica do pecado no AT é o (Pésha – Rebelião) arrepender não é esquecer e parar com as práticas do passado, mas envolve uma mudança completa de disposição. Para retratar essa realidade os profetas usaram termos como “convertei-vos; Tornai a Deus; Arrependei-vos”. No NT essa fé não é caracterizada pelo termo fé, mas principalmente pelo termo "segue-me". É preciso observar que Jesus e os escritores do NT usa o termo fé de formas diferentes, mas que a fé para a salvação está ligada principalmente ao pecado como rebelião. Assim, os discípulos são taxados de “pouca fé” num sentido diferente do empregado por Jesus quando diz “Segue-me”, nessa expressão Jesus está convocando a fé que luta contra à rebeldia e desafia à uma nova vida. Quando a fé (teórica, confessional e religiosa) é confrontada com a Cruz não possui sentido em si, e torna-se um elemento estranho ao centro do evangelho, mas quando a fé é retratada como a fé viva, direcionadora e transformadora, que combate contra a rebeldia interior (fé antropológica) torna-se uma com a Cruz. A fé só tem sentido diante da Cruz se produzir transformação.

Foi o Apostolo Paulo, quem melhor interpretou a cruz como centro do Evangelho. A Cruz é o centro do evangelho no qual nossa vida está oculta Cl 3:3 porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus.

Teologia da Prosperidade:
Quando o Fim torna-se o Centro.

Como várias outras heresias da pós-modernidade a Teologia da Prosperidade nasceu nos EUA na década de 40 e ganhou relevo em 60 e no Brasil em 1970. Seu principal desenvolvedor é Kenneth Hagin, que foi Batista tradicional, passando para a Assembléia de Deus até 1949, quando tornou-se pregador itinerante. Em 1962 fundou seu próprio ministério. Na década de 70 Hagin e Copeland (discípulo de Hagin) radicalizaram com a doutrina do retorno centuplicado do dízimo (MARIANO R. 1999:152); Hoje são inúmeros pregadores, em quase todas as religiões, dentre os principais neopentecostais estão: Hagin Jr.; R. Schuller; Charles Capps; Benny Hinn; e outros.

A primeira doutrina que Best Seller evangélico foi o livro “Há poder em suas Palavras” (Don Gosset, ed. Vida) Onde são apresentadas as principais doutrinas da teologia da Prosperidade como Confissão positiva, Declaração de direitos; o crente deve decretar; Libertação financeira; Saúde; prosperidade; etc...Tudo isso justificado na Cruz de Cristo. As Benção são direitos adquiridos no Sacrifício de Cristo.

No Brasil várias Igrejas e ministérios tem utilizado essa potente ferramenta como meio de arrecadação financeira. Em geram essa mensagem é encontrada nas igrejas neopentecostais como um todo e muitas igrejas pentecostais, preocupadas com a evasão de crentes para essas denominações, também estão aderindo à esse movimento. Recentemente algumas igrejas Tradicionais também estão usando a teologia da prosperidade.

Teologia da Prosperidade: Principais Chavões Teológicos

“Em ti serão benditas todas as famílias da Terra”

“Nunca vi um justo mendigar o pão”

“Tudo que pedires em meu nome, crendo, recebereis”

“Você é Filho de Deus, por isso Tem o Direito de ser abençoado”

“Você deve Decretar a benção de Deus em sua vida”

“O servo de Deus não deve sofrer”

“Seus inimigos serão confundidos, e você será vitorioso”

“Tudo Coopera para o Bem dos que amam a Deus”

“Trazei os dízimos à casa do Senhor e Ele repreenderá o Devorador”

Teologia da Prosperidade: Principais Bases Teológicas

A lei da Semeadura: Tudo que plantares colherás com abundância.

O Objetivo da Vida é a Felicidade: Tudo coopera para o seu Bem.

O Assunto mais importante da Bíblia é o Dinheiro.

Teologia da Prosperidade: Principais Erros

1 – A Teologia da Prosperidade não é Pentecostal. As principais características do moderno pentecostalismo e também do pentecostalismo bíblico são a entrega total, a desvalorização do mundo em relação à valorização do reino de Deus. A mensagem do pentecostalismo moderno com William Seymour, pastor da Igreja de Rua Azuza, pioneiro do pentecostalismo, estava vazia de valores de prosperidade e revestida de espiritualidade, oração, jejum, buscar o Espírito Santo, oração por cura, aceitação de qualquer pessoa em qualquer estado para viver o evangelho, para pregar a fé. Amado (a) Irmão (ã), peço do fundo do coração que você rejeite esse corpo estranho na Igreja em que você congrega, exija o evangelho autêntico de Cristo.

2 – O Maior problema teológico está na mudança do centro. No envangelho o centro é a cruz, na teologia da prosperidade é a Salvação, as Bênçãos, os dons e dádivas de Deus. Essa mudança de centro faz com que as pessoas se afastem de Cristo e busquem apenas o fim da vida cristã. É o verdadeiro atalho para salvação, um caminho no qual não precisa passar por Cristo. Amado (a) não existem benção, ou cura, ou dádiva que não tenha passado pela Cruz de Cristo. Tudo que recebemos e receberemos deve passar obrigatoriamente pela Cruz. Assim, não aceite que o centro da vida cristã, do evangelho seja mudado, ignore as promessas que apenas usam nosso Salvador como se fosse uma moeda de troca e centralize sua vida em Cristo.

3 – Criação de uma Hermenêutica separada de Cristo. Os textos são interpretados independentes de Jesus. Cristo é a principal chave hermenêutica para interpretação da Bíblia. Assim, quando você ouvir:

“Tudo que pedires receberás” não se esqueça que o mesmo Senhor também disse: “Buscai em primeiro lugar o reino de Deus e a sua Justiça”;

“Por ser filho de Deus você tem o direito”, não se esqueça que Cristo como autêntico Filho de Deus abriu mão do seu direito Fp 2:1-10; que nos ensinou a ser como Ele e que todas as bênçãos que receberemos não possuem valor nenhum diante da Cruz de Cristo que é a maior dádiva de nossas vidas.

“Nunca vi o justo mendigar o Pão”, não se esqueça que Jesus foi o verdadeiro Justo que não mendigou o pão, mas que também não ajuntou riquezas, que não tinha lugar onde pousar a cabeça, que vivia das ofertas do povo e com isso vivia a vontade do Pai.

“Você deve decretar a benção na sua vida” não se esqueça que Jesus diante das tentações não transformou as pedras em pães, antes provou que nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra de Deus.

“O servo de Deus não deve sofrer” lembre-se que nosso Senhor assumiu nosso lugar, viveu, sofreu e nos chamou ao discipulado Mt 10:24-25, dizendo que sofreríamos como Ele, e nos enviou como ovelhas no meio de lobos, e de todos os profetas e mártires do evangelho.

“Tudo coopera para o bem” e não esquecer que o bem é sempre a vontade de Deus e não a nossa, que “o bem” na vida de Jesus Cristo foi a cruz e não a gloria do Reino.

“Trazei os dízimos que o Senhor repreenderá o devorador” não se refere a outro fora de você mesmo. Que no contexto de Malaquias referia-se a um povo distante de Deus que precisava prová-lo para ter certeza de seu amor. Entretanto nós filhos de Deus que confiamos e vivemos seu amor temos a certeza da ação de Deus e a confiança que Ele mudará nosso coração como o de Davi, repreendendo o devorador.

Lembre-se que a Lei da Semeadura foi superada em Cristo. Que as obras perderam seu valor para salvação. E principalmente quão duro é o trabalho do semeador até que receba seu lucro, que muitas vezes não vem.

Que o objetivo da vida do Homem é a Felicidade em Cristo. Toda felicidade sem Cristo é ilusória e passageira, pois nossa vida verdadeira está oculta na Cruz de Cristo, e será revelada na ressurreição.

Por fim que o assunto mais importante da Bíblia não é o dinheiro. O termo “pecado” também aparece milhares de vezes na Bíblia, e nem por isso eu devo sair pecando. O fato de aparecer o dinheiro milhares de vezes na Bíblia é por sua afronta direta à Deus. O Dinheiro é identificado por Jesus como Mamon, como afronta direta à Deus: Não podeis servir a Deus e à Mamon.

Espero sinceramente que Deus te abençoe e ilumine para que nossa vida seja Cristo, para que a certeza de nossa Salvação seja a Cruz de Cristo, e assim, nossa vida que está oculta em Cristo se manifestará naquele dia, no dia em que Nosso Senhor vier e encontrar os seus trabalhando e servindo à seu exemplo e testemunho. Pois quem não aprender a viver com Cristo aqui na terra, dificilmente aprenderá a viver com Ele na ressurreição.

Texto Extraído do Livro : A Teologia da Cruz: Reposta para Crise do Cristianismo Pentecostal; Autor: Eduardo Sales de Lima  ( No prelo).

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Ídolos Evangélico - Você também pode ser um!


     O ídolos é um fenômeno do pós-modernismo, o pastiche, quando assistir a vida passa a ser algo atrativo, so ídolos na realidade é um desenvolvimento do pastiche, onde a visibilidade da vida é envolta do talénto, e a busca frenética pela realização do "sonho" passa a ser o filme desejado por muitos. Mas será que existe algo como um pastiche evangélico? um ídolos evangélico? Um dos novos fenômenos da fé evangélica são os congressos, será que esse fenômeno é uma espécie de ídolos evangélico?. Alguns líderes da Igreja entendem que trata-se de um retorno à época dos grandes avivamentos, das mega-evangelizações de massa. Entretanto, para compreender o real sentido desse fenômeno é preciso observar com maior precisão.

1. O que é um Congresso Evangélico?
     O Dicionário Houaiss define congresso de forma geral como reunião, ajuntamento e nas rúbricas específicas, como reunião de especialistas para deliberação de assuntos relevantes a um determinado grupo. E na realidade evangélica? o que é um congresso? Alguns irmãos entendem como uma benção de Deus, outros que entrevistei disseram que a Igreja deveria realizar congressos todos os fins de semana. Também encontrei pessoas que não gostavam de congressos e outros que entendiam os congressos como uma gastação desmedida de dinheiro com o objetivo publicitário de divulgar o líder e o nome da Igreja. Diante dessas respostas quero propor uma análise sincera desse fenômeno para construção de uma resposta que seja relevante para a igreja atual.

2. De onde vieram os primeiros congressos religiosos?
     É interessante notar que os primeiros congressos surgiram como resultado dos grandes movimentos evangelísticos, das grandes evangelizações de massa. Entretanto há algumas diferenças:
a) Os grandes congressos evangelísticos de antigamente tinham como objetivo principal a evangelização, eram realizados em locais diferentes da igreja, veiculados com vários tipos de midia, possuiam um custo alto, mas o retorno era garantido, muitas pessoas se convertiam
b) Em contrapartida, os congressos da igreja de hoje possuem foco evangelístico? você já contou quantas pessoas se decidem por Cristo nos congressos evangélicos?
c) Tenho percebido que os congressos tornaram-se cultos à Narciso, todo foco dessas reuniões está voltado para a pessoa, para o líder, para a igreja, para o grupo representado, não há foco evangelístico. Os cartazes confeccionados geralmente são distribuídos apenas nas igrejas irmãs.
d) O único paralelo que encontro é o do custo. O custo dos congressos evangélicos é altíssimo, assim como as arrecadações dessas reuniões.


3. Para entender a questão financeira:
     Um congresso gasta aproximadamente de R$2000,00 à R$5000,00, isso de custo direto, sem contar com o custo de transporte, hospedagem e alimentação, que dependendo da atividade chega a girar em torno das dezenas de milhares de reais. Para nossa avaliação, ficaremos apenas com o menor dos números. Uma igreja evangélica realiza em torno de 2 a 4 congressos por ano. Vamos ficar com o menor dos dois. Agora imagine um campo evangélico de 70 igrejas. São 70 igrejas realizando dois congressos de R$2000,00 por ano, o que somará R$ 280.000.00 e 2.800.000.00 em dez anos (Duzentos e oitenta mil reais por ano, e o pior é que nesses congressos geralmente não há nenhuma conversão). Em um ano será gasto 280.000.00, o equivalente à aquisição e construção de três igrejas de aproximadamente 100.000.00 ao ano, ou ainda ao sustento anual de 20 missionários (1 missionário custa em média 12000,00 por ano), também o equivalente à 5.600 cestas básicas. Você já aquilatou quanto sua igreja tem investido em missão? 5000,00 por ano?  10.000.00 por ano? 100.000.00 por ano? e ainda assim 280.000.00 para alimentar a massa consumista evangélica. Será que os evangélicos se tornaram numa filosofia burgesa evangélica? Esses duzentos e oitenta mil reais são redistribuidos e transformados em cd's; dvd's; show's; festas e festivais, publicidade e marketing pessoal. Diante disso eu tenho somente uma pergunta: Que relação esse tipo de congresso tem com a Bíblia? com o Evangelho?  com Cristo?

4. Para entender a questão Espiritual:
     Existe um livros chamado "vampiros espirituais" esse tema é muito propício para entender a questão espiritual do congresso. O fenomeno do congresso é uma reunião diferenciada, algo que possui valor atrativo muito mais forte, entretanto um apelo voltado apenas para os crentes. Um jovem me disse que antigamente quando faziam congresso a cidade era evangelizada e convidada para o congresso, mas hoje somente as igrejas são convidadas. Sim, o fenômeno é evangélico e não evangelístico. Muitos crentes fracos, que vivem apenas dessas doses reforçadas de soro-espiritual para continuar vivas, dependem das motivações emocionalistas divulgadas nessas atividades. Não crescem, continuam sempre na mesma. Se acontecesse um congresso para evangélicos e ao término os crentes saíssem transformados, prontos à cumprir sua missão, à viver o evangelho, eu apoiaria com certeza, mas não é o que acontece. Geralmente, após o congresso, é precisso juntar o lixo, catar os cacos, pois durante o congresso aconteceram conflitos, diferenças, afrontas, divergências, intrigas, ofenças, fofocas, é um verdadeiro "inferno"; após o congresso são vários irmãos ofendidos e afastados que precisam ser visitados e na outra ponta está os iludidos, que se vinculam ao programa: Foi Lindo, foi maravilhoso, o culto foi uma benção, o louvor foi tremendo, a pregação foi direto do trono de Deus, mas suas vidas não são tranformadas, estão ligados apenas à liturgia, ao culto, o culto tornou-se sacramento, tornou-se poderoso em si mesmo, não estão vinculadas em Cristo, mas em pregadores, em cantores, etc... Uma prova clara disso é que se fizer um congresso e não chamar uma "estrelinha" um "idolos" um pregador e cantor mega-star, não virá ninguém ao congresso, mas é só divulgar que o mega-pregador virá e a igreja lota, que o mega-cantor virá e a igreja lota. É uma vergonha, não estão ligados em Cristo mas no movimento "Pop evangélico".

5. Para entender a questão Política.
     Outra questão relevante. Os congressos são divulgação de Cristo ou da estrutura da Igreja?  de Cristo ou de alguma personalidade. É interessante que quando há um congresso, os cartazes falam de todos, menos de Cristo, os cartazes apresentam fotos de todos os Ídolos da Igreja evangélica menos de nosso Senhor Jesus Cristo. Será que se os cartazes falassem de Jesus Cristo os crentes viriam ao congresso? A questão política é muito relevante, pois os congressos são formas de manipulação do povo e extração de recursos para fins políticos. O Povo carente de Cristo vai ao congresso em busca de realização de suas necessidades e recebem afirmação de que serão abençoados, receberam as graças de Deus, mas não encontram Deus, nem Jesus, apenas suas bençãos, não entendem que só recebemos as bençãos graças a Jesus. Toda Benção só chega até nós se for por meio da Cruz de Cristo, não há benção que chege até nós sem ele. O fator ideológico acontece quando a pessoa não é levada à Cristo, não é levada diante de nosso Senhor, nem levada à conversão. Todas as palavras de nosso Senhor que pedem transformação são ignoradas, apenas as palavras que atendem os desejos e anseios são reveladas, assim o povo é conduzido a pensar que será abençoado sem se relacionar com Cristo, sem ser discípulo, sem conversão e sem transformação. A manipulação levará essas pessoas a um estado de ilusória realização, confiança própria em suas obras, totalmente diferente da mensagem da Cruz. Quando estiverem confiantes em si mesmas entregaram suas economias para abençoar a "obra de Deus" que na realidade é a obra política.

6. O que eu Espero.
     Eu espero apenas em Cristo! Ele e mais ninguém é o nosso Senhor! somente Ele me atrai, me dirige, transforma minha vida, conduz e satisfaz. Não é da vontade de nosso Senhor que nos confrontemos, e criemos rivalidade, ou qualquer outro tipo de discenção, entretanto é preciso que olhemos nossa fé mais de perto, que analisemos nosso comportamento diante de nosso Senhor, nosso relacionamento com Cristo, com a Igreja e com o Mundo. Jesus nos libertou para sermos verdadeiramente livres, verdadeiramente servos apenas de Cristo. Portanto, amado irmão e irmã, se você partilha de alguma visão cativa de uma instituição humana, lembre-se de levar nossa mente cativa apenas à Cristo, nosso Senhor, não vos torneis vítima, presa de qualquer desses vícios evangélicos que tentam retirar Cristo da sua vida. Ainda que lhe ofereçam o mundo, ou todas as coisas, todas as bençãos ou ainda que digam que se você comprar uma bíblia por R$900,00 (como alguns líderes tem ventilado) para ser abençoado, fuja! pois esse não é o céu e sim  o inferno, pois no céu está nosso Senhor que já nos conferiu, gratuitamente, a salvação e todas as bençãos de Deus. Assim, espero sinceramente que você encontre Jesus e que na caminhada da fé possa resistir às tentações do vício narcizista evangélico, às tentações do egoísmo e da satisfação de todos os teus desejos, pois a fé deve estar baseada na satisfação da vontade do Pai. Amém!
Pf. Eduardo Sales de Lima
Mestre em Teologia do NT       

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

A Relevância do Profestismo Hebreu para a Igreja


Não perca, estudo em Power Point na guia:
Estudos: Teologia Biblica

Família: As Linguagens do Perdão


Não percao Estudo em Power Pointer,
na guia Estudos: Família.

Igrejas de Deus, Palavras de Satanás

Uma análise da Igreja atual à luz de Mt 4:1-11


Nessa época de Crise, podemos dizer com certeza que vivemos uma grande crise na Igreja. A crise da Palavra. Como visto no tópico anterior, as palavras de Jesus estão sendo substituídas pelas palavras de Satanás. No texto de Mateus 4:1-11, na tentação de Jesus aprendemos três palavras que Satanás usou para tentar nosso Senhor e que também usa para tentar a Igreja.
A primeira Palavra é a solução para todas as necessidades.

"se quiseres podes transformar pedras em pães". Essa tentação a Jesus foi um confronto direto às suas necessidades mais profundas, entretanto, nosso Senhor revelou as palavras de Deus diante das tentações: "Não só de pão viverá o homem", ou seja, não só da satisfação das necessidades básicas e primarias, mas de toda a palavra de Deus. Com essa resposta nosso Senhor disse que suas mais profundas necessidades eram saciadas por Deus.

Diante dessa resposta Satanás não se detém, e propõe outra palavra de Tentação:

A segunda Palavra é a proteção em todas as adversidades.

Mt 4:5-7 Então, o diabo o levou à Cidade Santa, colocou-o sobre o pináculo do templo e lhe disse: Se és Filho de Deus, atira-te abaixo, porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito que te guardem; e: Eles te susterão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra. Respondeu-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus.

Continuo usando termos indefinidos, mas acredito que em muitos locais, que não nos cabe nomear por uma questão ética, a palavra de Deus tem sido torcida, manipulada e usada, não por líderes religiosos, mas por homens que tem se tornado instrumentos de Satanás. Mensagens que prometem proteção, que garantem a segurança do servo de Deus, que nada vai acontecer, que mil cairão à direita e dez mil à esquerda, que todos os inimigos serão confundidos, todas essas mensagens formam a base da tentação que Satanás usou para derrubar Jesus. Mensagens que ignoram a vontade de Deus e valorizam a vontade humana, que usam Deus como se fosse um guarda costas, onde não é preciso viver a vontade de Deus, apenas pedir, pois por ser nosso Pai, tem a obrigação de nos proteger.


Existe um conto dos irmãos Green que expressa essa realidade. Diz a estória que um dia Nosso Senhor estava andando numa floresta, estava com muita sede e o servo de um fazendeiro o hospedou e serviu em sua casa, como prova de gratidão Nosso Senhor disse que abençoaria aquele servo. Olhando ao redor, viu uma lareira, chamou o dono da fazenda, pediu que fizesse um grande fogo e preparasse um tonel d'agua. Então Nosso Senhor pediu que o servo entrasse no fogo, pois assim rejuveneceria. No principio ficou com medo, mas ao adentrar, o servo começou a sentir algo suave como o orvalho e começou a glorificar a Deus com toda sua voz, quanto mais ele glorificava mais forte ficavam as brasas, após alguns minutos nosso Senhor entrou na lareira, pegou o servo, lançou-o no tonel de água e quando o levantou, saiu joven, o servo rejuvenecera quarenta anos, possuia aparencia de vinte. Todos ficaram admirados do milagre. O fogo baixou e a seguir, Nosso Senhor foi embora.

Entretanto, quando Jesus foi embora o fazendeiro começou a ter uma idéia. Entendeu que aquele fogo era sagrado e correu a chamar sua sogra, pois já era de muita idade, atormentava-o sempre que podia e dava muita despesa. Pensou consigo que se sua sogra ficasse mais jovem poderia casar novamente e ir embora. Quando a sogra chegou, apresentou o servo e disse como aconteceu, que o fogo era sagrado e que ela também poderia ficar mais jovem. Com medo, ela perguntou ao servo o que ele sentiu, no que ele disse que "as chamas eram como gotas de orvalho" em seu corpo. Toda feliz com o milagre ela aceitou. O fazendeiro correu acendeu grande chama, trouxe o tonel de água, orou pedindo a Deus que repetisse o milagre e jogou a sogra no fogo. Quanto mais a idosa gritava, mais fogo ele fazia até que puxou-a do fogo e a jogou num tonel de água. Mas para tristeza de todos o estado dela quando saira era muito pior do que quando entrara. Essa estória possui uma moral muito importante: Nem todo fogo é de Deus!

Nem todo milagre é de Deus, nem toda cura é de Deus. Entendam meus irmãos, quem opera o milagre, a cura e a salvação é Nosso Senhor e não nossa vontade, nem nossa imposição, muito menos nossas obras. Não pense que um dia, ou uma semana de jejum, tem o poder de forçar Deus a fazer alguma coisa, ou que nossas orações possuem porder mágico e quando eu oro, tudo acontece. Essa visão mística é muito distante da interpretação dos evangelhos e principalmente do que Nosso Senhor nos ensinou.


Diante da tentação de Satanás, Jesus tinha certeza que Deus poderia agir e agiria, mas essa não era a vontade de Deus, era um "fogo sagrado" sem Deus. Assim antes de pedir proteção, ou um milagre, procure saber primeiro se você não está deixando que Satanás o conduza até o pináculo do templo, se o fogo que você está vendo realmente é de Deus, se as provas que você está fazendo de Deus não são tentações de Satanás. Lembre-se QUANDO A AMIZADE É VERDADEIRA, NÃO É PRECISO PROVAR! quando Deus, no texto de Malaquias 3 diz: PROVAI-ME, Deus não estás dizendo para crentes, mas para pessoas que haviam perdido a fé! Quando Gideão prova Deus ele o faz por que duvidava, e não por fé. Assim, quando Jesus diz: "não tentarás o Senhor teu Deus" está dizendo para confiar em Deus e não provar para ver se Ele realmente cuida de ti. 

Nessa segunda palavra aprendemos que Satanás tentou a Jesus e tenta os crentes em duas perspectivas: 

A primeira -  Fazer com que pensemos que a nossa vontade manda em Deus. Nessa Tentação Deus torna-se nosso servo. Está sempre pronto à nos atender e servir nossa vontade. Essa tentação produz fogo estranho, parece de Deus, mas na realidade é nosso.

A segunda - Fazer com que duvidemos do amor de Deus para conosco. Nessa Tentação Satanás corroi a fé. Só provamos aquilo que não conhecemos, aquilo que temos medo e o que não confiamos. Quando confiamos, não provamos! Lembre-se, nenhum amigo gosta de ser provado!

A essa segunda palavra de tentação quero acrescentar uma coisa muito relevante. O "pináculo do templo". Na primeira palavra, Jesus estava em jejum, servindo ao Pai,  Satanás o tentou nisso. Nessa segunda palavra Satanás continua tentando Jesus em um local sagrado. Muitas vezes pensamos que a tentação está apenas em locais que consideramos "impuros", entretanto, as tentações de Satanás ocorrem até nos locais mais altos da fé, usando a própria palavra de Deus. Assim como Satanás usou a palavra de Deus para tentar Jesus, as pregações de hoje também podem usar palavras de Deus para tentar o homem.

A tentação de Satanás aproveitou-se da segurança que Jesus tinha em Deus: "já que você é o Filho de Deus nada vai te acontecer, olhe ao seu redor, estamos no templo, se você pular, os anjos te susterão!" Toda palavra que pedir para que você pule por que você é alguma coisa, é perigosa. Essas mensagens desconsideram Deus e sua palavra, enfatizam a pessoa, o que nós somos é colocado sobre o que Deus é. Assim, lembre-se: é do pináculo do templo, local de grande relevo e atenção, que Satanás usando a palavra de Deus pede que pulemos!

Diante dessa tentação a resposta de Deus é um guia para nossa vida: Não tentarás ao Senhor teu Deus! O que é tentar a Deus? Nesse texto, tentar a Deus é provar Deus. A palavra no grego é "peirazo" usada tanto para traduzir protação como tentação. Assim acredito que nesse texto a melhor tradução seria provar, colocar em prova. "Não provarás ao Senhor teu Deus" somente para atender a seus próprios interesses. Assim, amado irmão, crescer no Senhor é confiar em seu amor, independente de provas, pois a maior prova já foi dada, Jesus Cristo, nosso Salvador.

Não satisfeito, Satanás tenta mais uma vez.  

A Terceira Palavra é a satisfação de todos os desejos

Mt 4:8-10 Levou-o ainda o diabo a um monte muito alto, mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles e lhe disse: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. Então, Jesus lhe ordenou: Retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto.

Essa é com certeza a maior tentação de nossa época. Você pode ter todas as coisas! Tudo pode ser seu! Todas as bençãos estão ao seu alcance! você pode todas as coisas, você é filho do rei, filho do dono do mundo, etc....Será que essas palavras realmente são de Deus? 
 
Primeiro, vamos observar a resposta de Jesus. "Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto", Jesus respondeu ao pedido de se ajoelhar ou à tentação de ter tudo? Ai está a questão, a adoração não é a Satanás, mas principalmente ao desejo de ter tudo. Não é uma adoração à Satanás, mas aos reinos e à gloria deles. Jesus cairia se o desejo de ter tudo fosse maior que o desejo de adorar a Deus.

Satanás não inventou uma tentação, tentou Jesus com uma benção escatológica. O reino e a gloria são bençãos escatológicas dadas à Cristo por vencer a condenação na Cruz. Satanás ofereceu as mesmas bençaos a Cristo se o adorasse. O que a resposta de Jesus representou diante dessa provação de caráter escatológico? 
 
A resposta de Jesus revelou que adorar a Deus possui valor superior ao de sua própria gloria. Essa é uma lição muito valiosa. Satanás usa as palavras de Deus na Igreja para centralizar o culto no homem e em sua necessidade. A mensagem de Satanás não é uma mensagem sobre Deus, seu amor ou sua vontade, mas uma mensagem sobre o homem, sobre o sucesso, sobre a gloria e o poder. Muitas mensagens focadas na restituição de Deus, na restauração financeira, na posse, na gloria humana, não falam mais sobre Deus e sua vontade, nem sobre Jesus e sua vida, mas sobre o homem, sobre seu sofrimento, sobre as necessidades, sobre as aflições, essa mensagem é centralizada no homem. Assim, quando Jesus responde que só a Deus adorarás e darás culto, refere-se principalmente à tentação de Satanás, ao culto à si mesmo, aos desejos, às ansiedades humanas e ao distanciamento de Deus. 
 
A resposta de Jesus revelou que as bençãos escatológicas não possuem valor em si, mas são valiosas por seu relacionamento com Deus. Satanás usa as palavras de Deus na Igreja para colocar as bençãos acima do relacionamento com Deus. Nas minhas aulas de cristologia ensino que todos os crentes querem ir para o céu, entretanto, não querem viver com Jesus. Se não conseguirmos viver com Jesus hoje, não viveremos eternamente! Se não aprender-mos a repartir, a doar, a entregar, a amar mesmo os que não correspondem, não aprenderemos no céu.

As bençãos escatológicas são realmente algo maravilhoso. Ruas de outro e cristais, casas de brilhantes, grande fartura, sem dor, nem sofrimento, só alegria. Não estamos esquecendo de nada? Se eu lhe dissesse que no céu não existirão ruas de ouro, nem mansões de cristais e brilhantes, nem tamanha fartura e que ao chegarmos lá iremos trabalhar e servir o próximo, que deveremos repartir tudo que tivermos com o próximo, não haverá nada de sobra. Você ainda ia querer ir para lá? Sim, uma das maiores tentações de Satanás é fazer com que abandonemos Jesus pelas bençãos do reino, exatamente como fez o povo do deserto, o que importava não era Deus, mas a terra que Ele daria (Ex 33). Será que no céu Jesus será alguém diferente do que foi na terra? Será que quando chegarmos no céu seremos tão premiados que Jesus irá nos "mimar" eternamente? A resposta de Jesus ignorou as bençãos, pois a presença de Deus era o que lhe interessava, assim como a Moisés no deserto, assim como deve ser para conosco. Não interessa onde vai ser o céu, ou como ele será, estando com nosso Senhor Jesus Cristo, estaremos salvos.            

Resta ainda analisar o termo "Tudo isto te darei". Quando lemos a Biblia sempre somos orientados por algum tipo de hermeneutica. Quando ao ler Jesus só encontramos suas bençãos e dádivas, nos deparamos com a hermeneutica de Satanás, que olha somente para as bençãos como um fim em si mesmas. Satanas tenta Jesus à ignorar a vida com Deus, o ministério, a salvação e ir direto para o resultado final! A hermeneutica que olha para os fins sem se importar com os meios é hermeneutica de Satanás.

Quando aplicamos a hermeneutica de Satanás às palavras de Jesus temos as seguintes conclusões:

"Tudo quanto pedires em oração, crendo, recebereis" Mt 21:22 - Na hermeneutica de Satanás, "tudo" diz respeito a todas as necessidades, aflições, desejos e ansiedades. Entretanto, o contexto aponta para a autoridade de Cristo manifestada na fé, relacionada principalmente com o ministério. O mesmo texto em Mc 11:24, refere-se ao perdão;   

"...para Deus tudo é possível" Mt 19:26 - Na hermeneutica de Satanás, "tudo" diz respeito a todas as coisas que precisamos, desejamos e ansiamos. Entretanto, o texto refere-se claramente à salvação.      

" João 14:13 E tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho". O contexto desse versículo aponta para o ministério.

Toda interpretação deve passar pela hermeneutica de Cristo. Como Jesus interpretaria esse texto? Aqui está a tentação de Satanás. Ele tenta criar uma imagem de Jesus que não é verdadeira, um Jesus que só prometeu bençãos e não pediu compromisso. Entretanto, é preciso entender que não existem dois "Jesus", um bonzinho e outro severo, um amigão e outro comrpometido com sua missão. É preciso ter em mente que o memso Jesus que disse: "Tudo que pedirdes em meu nome isso farei" é o mesmo que disse "Buscai primeiro o reino de Deus e sua justiça". Assim não são duas vontades de Cristo, mas a mesma:

"Se buscardes o Reino de Deus e a sua Justiça, tudo que pedirdes em meu nome isso farei!"

Conclusão

1) As três tentações de Satanás agiram em locais sagrados, e utilizaram as próprias palavras de Deus.

2) As três tentações de Satanás tinham por objetivo afastar Jesus de seu ministério.

3) As três tentações são:

             A palavra de solução para todas as necessidades.

             A palavra de proteção em todas as adversidades.

             A palavra de satisfação de todos os desejos.

4) Contra as três tentações de Satanás Jesus responde com três palavras de vitória:

             A palavra da dependência total de Deus.

             A palavra da confiança em Deus que não precisa de provas.

             A palavra do relacionamento com Deus como sendo a satisfação completa da vida.